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A síndrome do pânico por Joanna de Ângelis - Segunda Parte


No imenso painel dos distúrbios psicológicos o medo avulta, predominando em muitos indivíduos e apresentando-se, quando na sua expressão patológica, em forma de distúrbio de pânico. O medo, em si mesmo, não é negativo, assim se mostrando quando, irracionalmente, desequilibra a pessoa.

O desconhecido, pelas características de que se reveste, pode desencadear momentos de medo, o que também ocorre em relação ao futuro e sob determinadas circunstâncias, tornando-se, de certo modo, fator de preservação da vida, ampliação do instinto de autodefesa. Mal trabalhado na infância, por educação deficiente, o que poderia tornar-se útil, diminuindo os arroubos excessivos e a precipitação irrefletida, converte-se em perigoso adversário do equilíbrio do educando.

São comuns, nesse período, as ameaças e as chantagens afetivas: Se você não se alimentar, ou não dormir, ou não proceder bem, papai e mamãe não gostarão mais de você... ou O bicho papão lhe pega, etc. A criança, incapaz de digerir a informação, passa a ter medo de perder o amor, de ser devorada, perturbando a afetividade, que entorpece a naturalidade no seu processo de amadurecimento, tornando o adolescente inseguro, e um adulto que não se sente credor de carinho, de respeito, de consideração. A deformação leva-o às barganhas sentimentais – conquistar mediante presentes materiais, bajulação, anulando a sua personalidade, procurando agradar o outro, diminuindo-se e supervalorizando o afeto que anela.

A pessoa é, e deve ser, amada assim como é. Naturalmente, todo o seu empenho deve ser direcionado para o crescimento interior, o desenvolvimento dos recursos que dignificam: não invejando quem lhe parece melhor – pois alcançará o mesmo patamar e outros mais elevados, se o desejar – nem se magoando ante a agressividade dos que se encontram em níveis menores.

Por outro lado, face às ameaças, o ser permanece tímido, procurando fazer-se bonzinho, não pela excelência das virtudes, mas por mecanismo de sobrevivência afetiva.

O medo, assim considerado, pode assumir estados incontroláveis, causando perturbações graves no comportamento.

Os fatores psicossociais, as pressões emocionais influem, igualmente, para tornar o indivíduo amedrontado, especialmente diante da liberação sexual, gerando temores injustificáveis a respeito do desempenho na masculinidade ou na feminilidade, que propiciam conflitos psicológicos de insegurança, a se refletirem na área correspondente, com prejuízos muito sérios.

Bem canalizado, o medo se transforma em prudência, em equilíbrio, auxiliando a discernir qual o comportamento ético adequado, até o momento em que o amadurecimento emocional o substitui pela consciência responsável.

Confunde-se o pânico com a expressão do medo, quando irrompe acompanhado de sensações físicas: disritmia cardíaca, sudorese, sufocação, colapso periférico produzindo algidez generalizada. Essa sensação de morte com pressão no peito e esvaecimento das energias que aparece subitamente, desencadeada sem aparente motivo, tem outras causas, raízes mais profundas.

Na anamnese do distúrbio de pânico, constata-se o fator genético com alta carga de preponderância e especialmente a presença da noradrenalina no sistema nervoso central. É, portanto, uma disfunção fisiológica. Predomina no sexo feminino, especialmente no período pré-catamenial, o que mostra haver a interferência de hormônios, sendo menor a incidência durante a gravidez.

Sem dúvida, a terapia psiquiátrica faz-se urgente, a fim de que determinadas substâncias químicas sejam administradas ao paciente, restabelecendo-lhe o equilíbrio fisiológico.

Invariavelmente atinge os indivíduos entre os 20 e os 35 anos, podendo surgir também em outras faixas etárias, desencadeado por fatores psicológicos, requerendo cuidadosa terapia correspondente.

Há, entretanto, síndromes de distúrbio de pânico que fogem ao esquema convencional. Aquelas que têm um componente paranormal, como decorrência de ações espirituais em processos lamentáveis de obsessão.

Agindo psiquicamente sobre a mente da vítima, o ser espiritual estabelece um intercâmbio parasitário, transmitindo-lhe telepaticamente clichês de aterradoras imagens que se vão fixando, até se tornarem cenas vivas, ameaçadoras, encontrando ressonância no inconsciente profundo, onde estão armazenadas as experiências reencarnatórias, que desencadeadas emergem produzindo confusão mental até o momento em que o pânico irrompe, incontrolável, generalizado. Dá-se, nesse momento, a incorporação do invasor do domicílio mental, que passa a controlar a conduta da vítima, que se lhe submete à indução cruel.

Cresce assustadoramente na sociedade atual essa psicopatologia mediúnica, que está requerendo sérios estudos e cuidadosas pesquisas.

As terapias de libertação tem a ver com a transformação moral do paciente, a orientação ao agente e a utilização dos recursos da meditação, da oração, da ação dignificadora e beneficente.

Quando a ingerência psíquica do agressor se faz prolongada, somatiza distúrbios fisiológicos que eliminam noradrenalina no sistema nervoso central do enfermo, requerendo, concomitantemente, a terapia especializada, já referida.

Mediante uma conduta saudável de respeito ao próximo e à vida, o indivíduo precata-se da interferência perniciosa dos seres espirituais perturbadores, adversários de existências passadas, que ainda se comprazem na ação perversa. Esse sítio que promovem, responde por inúmeros fenômenos de sofrimento entre os homens.

Não sendo a morte do soma o aniquilamento da vida, a essência que o vitaliza – o Eu profundo – prossegue com suas conquistas e limitações, grandezas e misérias. Como o intercâmbio decorre das afinidades morais e psíquicas, fácil é constatar-se as ocorrências que se banalizam.

O medo, portanto, necessita de canalização adequada, e o distúrbio do pânico, examinada a sua gênese, merece os cuidados competentes, sendo passíveis de recuperação ambos os fenômenos viciosos, a que o indivíduo se adapta, mesmo sofrendo. 

Do livro Autodescobrimento, por Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Franco. 

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